quinta-feira, 8 de outubro de 2009

"...também nós perdoamos a todo aquele que nos ofende"




Este passo de Lucas sempre foi, para mim, um dos princípios de mais difícil assimilação nos Evangelhos; de assimilação, não porque não o compreenda mas sim porque é difícil transpô-lo para a minha prática quotidiana.
Por exemplo, relia, há dias, All the King's Men, de Robert Penn Warren, e reencontrei este passo: "when they come to you sweet talking you better not listen to anything they say. I don't aim to forget that." As palavras são de Willie Stark, o político protagonista.
De imediato, me lembrei de quem, nos meus tempos de Vice-Reitor e mesmo de Pró-Reitor, me elevava aos píncaros da Academia e da Inteligência (elevando-a muito para além do que eu sei ser a minha), me assediava (elas e eles, no sentido mais literal), me elogiava discursos (que eu sabia serem banais) e até... as gravatas!
Mudam-se os tempos e as vontades revelam a sua verdadeira insidiosa natureza.
Hoje, são essas mesmas gentes que olham para o lado e me evitam sempre que podem, mesmo quando o fazem de uma forma desajeitada, como uma senhora que, nas férias, deixou os meus filhos a rir a bandeiras despregadas!
Não me iludi no passado com as falas mansas que chegavam a ocultar tentativas de arranjar avenças para conjuges, pois sabia que eram apenas "sweet talking".
A questão está em como é que sou capaz de assumir Lucas: "...também nós perdoamos a todo aquele que nos ofende".
Espero, um dia, consegui-lo, pois, como lembrava há meses D. Manuel Clemente na apresentação do seu livro 1810, 1910, 2010, também por aí passa a essência do Cristianismo que, entre nós, predomina.
Entretanto vou meditando, recorrendo, por exemplo, a estas palavras atribuídas a São João Crisóstomo:
"O bem supremo é a oração, a conversa familiar com Deus. Ela é relação com Deus e união com Ele. ... A oração não é o efeito de uma atitude exterior, mas vem do coração. Não se limita a horas ou a momentos determinados, mas está em contínua actividade,de noite como de dia. Não nos contentemos com orientar o nosso pensamento para Deus apenas quando estamos em oração; mas quando outras ocupações ... Podemos daí retirar grande vantagem, ao longo de toda a nossa vida, se a isso consagrarmos boa parte do nosso tempo.A oração é a luz da alma, o verdadeiro conhecimento de Deus, a mediadora entre Deus e os homens."
Boas meditações!

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