terça-feira, 20 de outubro de 2009
Conheci Jessica Powers (1905-1988),
metonimicamente falando claro, ainda nos anos 90, através de um mestrando, João Banha Correia que, certo dia, me confidenciou ser seu desejo fazer a sua dissertação sobre Jessica Powers. "Jessica quê?" interroguei.
Nunca tinha ouvido falar desta poeta, freira carmelita, que nos desvenda os espaços americanos, rurais e urbanos (são intensíssimos os poemas sobre Chicago), com uma sensibilidade peculiar que entronca numa grande tradição que tem em São João da Cruz um cultor maior.
Apesar de lhe ter afirmado o meu desconhecimento acerca da poesia de Powers, e dos consequentes limites que tal implicava em termos de orientação, o João insistiu, insistiu, investigou, investigou, desvendou canais vários até alcançar bibliografia privilegiada sobre Powers.
Porque esta era uma voz que necessitava de um espírito disponível para a escutar, convidei um colega e amigo, António Botelho de Amaral, para arguir a dissertação. O António, que também nunca ouvira falar de Powers, foi entretanto aos Estados Unidos e meteu-se estrada fora em busca do convento onde a poeta vivera e morrera. Encontrou-o, falou com gente que com ela privara, e regressou para arguir a dissertação.
A discussão decorreu muito bem e, no fim, todos estávamos gratos ao João por nos ter feito descobrir Powers, e a Powers pelos seus versos.
É este o verdadeiro trabalho de investigação; ou, pelo menos, aquele que verdadeiramente nos interessa, pois, para além das funcionalidades (competências ? Ah! Ah! Ah!), abre-nos novas portas e torna-nos melhores.
O eduquês, na sua imensa ignorância, desconhece estas coisas!
E o mesmo se aplica àqueles ("you know what I mean!")que não conseguem ver nestas tradições para além daquilo que os seus limites ideológico-éticos lhes permitem...
Por tudo isto agradeço ao João por esta descoberta, e ao António por tê-la connosco partilhado.
Aqui vos deixo "Dreams of you", um belo poema sobre... enfim, para quê prefácios? Leiam-no and enjoy!
"My dreams of you are like the fallen leaves,
colored with brilliance, nomad rustling things,
tossed by winds of olden memories--
they prate of golden summertimes and springs.
When skies were gray you flung them all away--
but I, who loved them, hoard such gifts as these.
By day I revel in their golden lights;
at night they whisper tender sympathies."
Boas leituras!
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