segunda-feira, 13 de fevereiro de 2017

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2017

A propósito da (des)estruturação, eis

os parágrafos iniciais de Fugindo de todos os fogos, de António Ferra; ou como pode haver elegância na enunciação da (aparente) banalidade: "Toda a documentação estava organizada por ordem alfabética em ficheiros. Eram gavetas metálicas enormes, com cavaleiros a indicar a respectiva letra. Se procurasse, por exemplo, inocência, ia à letra i onde,depois de incêndio e antes de inocuidade, encontrava incentivo para tudo registar numa tábua rasa que guardava num canto da sala de trabalho.// À medida que os assuntos invadiam aquele espaço de cem metros quadrados, eu tinha de arranjar lugar para as palavras que se acumulavam, dispersas pelos mais variados lugares. Esta catalogação era uma tarefa minuciosa, mas simpática, que me trazia realização pessoal, pois convivia directamente com definições e conceitos úteis para a minha vida.// Algumas entradas tinham apenas a palavra em causa, mas depois havia um vazio..."

Porque Hugo Williams é um dos poetas

aos quais regresso amiúde, partilho convosco a intensidade dos sentidos e da memória de "Siren Song": "I phone from time to time, to see if she’s/ Changed the music on her answerphone./ 'Tell me in two words,' goes the recording,/ 'what you were going to tell in a thousand.'// I peer into that thought, like peering out/ To sea at night, hearing the sound of waves/ Breaking on rocks, knowing she is there,/ Listening, waiting for me to speak.// Once in a while she’ll pick up the phone/ And her voice sings to me out of the past./ The hair on the back of my neck stands up/ As I catch her smell for a second."

Felicidade e procura, segundo Santo Agostinho:

Todos os homens querem ser felizes; não há ninguém que não o queira, e com tanta intensidade que o deseja acima de tudo. Melhor ainda: tudo o que querem para além disso querem-no para isso. Os homens perseguem paixões diferentes, um esta, outro aquela; também existem muitas maneiras de ganhar a vida neste mundo: cada um escolhe a sua profissão e exerce-a. Mas quer adotem este ou aquele género de vida, todos os homens agem para serem felizes. [...] O que há então nesta vida capaz de nos fazer felizes, que todos desejam mas que nem todos alcançam? Procuremo-lo. [...]