domingo, 21 de abril de 2013

A cor em Fausto

Não, não irei dissertar longamente sobre este tópico. Quero, todavia, dar-vos a conhecer estas imagens do "story-board" que Sokurov criou para o seu filme. Nestas aguarelas, o realizador concebe a atmosfera (subtil, líquida) que desejava imprimir em cada cena. Refiro, parenteticamente, subtil e líquida, pois as nuances da cor são, amiúde, quase imperceptíveis. Portanto, para além da obra de Goethe que serve de impulso para este Fausto, importa ter presente outra obra do escritor alemão. Sim o Tratado das Cores. E, por favor, não percam o filme! A ele voltarei quando tiver mais tempo. Bom domingo! E bons filmes!

quarta-feira, 10 de abril de 2013

Fausto, de Sokurov

Estreia amanhã em Lisboa, no Nimas, Fausto, a versão do texto de Goethe concebida por Alexandre Sokurov. Acompanhá-lo-á uma exposição de Ilda David' a propósito da tradução de João Barrento. Já vi o filme há algum tempo em Dvd (blue ray, para ser mais preciso) e, apesar dos pesadelos que tive durante a noite, recomendo vivamente. Sobre este realizador deixo-vos um breve excerto de um comentário publicado no The Independent: "Over the years, Sokurov has proved a very disconcerting interviewee. He talks a lot about the Russian soul. Ask him about his influences and he'll discuss Chekhov and Dostoevsky before he even mentions anything to do with film. In preparation for his film Mother and Son (1996), about a mother dying as her devoted son tends her, he and his cinematographer went to Berlin and spent hours together sitting in front of Caspar David Friedrich's painting The Monk By the Sea. Before shooting his film Father and Son (2003), he studied JMW Turner's watercolours. He calls many of his films "elegies," as if he is a composer or a poet, not a director. Although he reveres Ingmar Bergman and Alexander Dovzhenko, he is contemptuous about 3D and James Cameron. In short, he takes an utterly uncompromising and sacral approach to his art." Bons filmes!

segunda-feira, 8 de abril de 2013

A ouvir

Começo por uma reflexão que nada tem de científica... que não tem, aliás, qualquer base sociológica ou histórica, e todavia... Porque é que o jazz não podia ter nascido em Portugal? Já repararam na alegria que todo o músico de jazz experimenta quando outro membro do grupo "divaga" no seu solo? Ora, nós, que temos uma épica nacional que culmina na palavra inveja, jamais poderíamos experimentar esse prazer da "vitória" de um parceiro nosso. O mais provável seria fazer um esgar como quem interroga: "So what?" Já passaram dois anos que neste espaço fiz alusão ao cd de Mário Laginha, Mongrel. Com uma festa do jazz no São Luís de permeio, e depois de ter assistido a um belo concerto deste mesmo Mário Laginha com a notável Maria João, acompanhados de músicos de talento reconhecido, quero deixar-vos hoje nota de um músico de que já ouvira falar mas que não ouvira ainda. Chama-se ele Massimo Cavalli e foi ontem uma agradável surpresa enquanto o Benfica derrotava o Olhanense sem que eu (mea culpa) disso me apercebesse. O seu cd (não percam!) tem por título Varandas do Chiado. Sobre ele escreveu Laurent Filipe: So here is Massimo's personal story, from the "Intro" to "Marce Blues". A story that speaks of lyrical italian imbued emotions in "Sogno 37" to a strong cinematic feel in "Il lungo viaggio" to the somewhat odd bolero of the album title piece "Varandas do Chiado". The melodic and harmonic lines are often windy and unpredictable, the way a bass player likes them to be, taking you to unexpected places. Não percam!