quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Uma pausa para os detalhes




Nesse momento de profunda intensidade espiritual e de beleza musical que é o Concert for George, a homenagem organizada por Eric Clapton um ano após a morte de George Harrison, há alguns detalhes reveladores do poder que a música pode ter para nos unir e para nos revelar.

Um deles é quando os músicos tocam All Things Must Pass. Nessa altura o baixista, Dave Bronze, é substituído por outro músico, um cavalheiro de cabelos e barbas brancas. Este cavalheiro é Klaus Voormann que, trinta anos antes, Harrison convidara para participar no famoso Concert for Bangladesh. Escusado será dizer que os cabelos e a barba de Voormann eram, então, negros. Essa mudança de cor sinaliza que... all things must pass, ou ... change.

Ainda discretamente, Voormann regressará ao concerto, desta feita para acompanhar Bronze em Wah Wah. Porquê, perguntareis. Porque essa foi uma canção também tocada no Concert for Bangladesh.

Detalhe insignificante? Talvez não. Não será, afinal, o mais relevante da nossa vida aquilo que, à partida, banal nos parece.

Atenção aos detalhes, portanto. Ou, como um dia escreveu Maria Helena Paiva Correia, some details definitely matter!


Já agora, Klaus Voormann, ainda sem cabelos e barbas brancas, está à esquerda de Harrison na fotografia acima.


Boas músicas!

Músicas


Ainda muitos anos antes da música pop e outras serem divulgadas pela televisão por cabo, Samuel Taylor Coleridge escreveu estes versos que parecem ter sido concebidos a pensar em muita da "música" por essas bandas paira:

"Swans sing before they die - 'twere no bad thing
Did certain persons die before they sing."

Em tempos do politicamente correcto, escusado será dizer que os versos não devem ser lidos literalmente, não se vá dizer por aí que ando, subliminarmente, a apelar a assassinatos!

Boas músicas!

terça-feira, 29 de setembro de 2009

Poulenc e O'Hara ligados por Paris

Agora que os ruídos eleitorais ficaram para trás e no dia em que é noticiado mais um suicídio na France Telecom, eis uma cidade de refúgio.
Devo-a a Frank O'Hara; seu título é "Poulenc":

"My first day in Paris I walked
from Saint Germain to the Pont Mirabeau
in soft amber light and leaves
and love was running out.

city of light and hearts
city of dusk and simay
the Seine believed it to be true
that I was unloved and alone

how lonely is that bridge
without your song
the Avenue Mozart, the rue Pergolèse
the tobaccos and the nuns

all Paris is alone for this
bried leafless moment
and snow falls down upon
the streets of our peculiar hearts"

Boa semana e boas leituras!

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Orwell entre nós

A mais recente edição da revista do Automóvel Club de Portugal referia a iluminada e eficiente medida de inserir chips nos nossos automóveis. Não acredito que os nossos governantes introduzam esta medida por perversidade política, mas sim por mera virtude tecnocrática.
Qual a melhor forma de nos precavermos contra a tecnocracia e o sistema de vigilância que gradualmente se tem implantado entre nós? O encontro com os nossos velhos bons amigos: os grandes livros, os grandes filmes, as grandes músicas, etc... Lê-los, Vê-los, ouvi-los, e compreendê-los!
Por isto mesmo referi ontem que importa recuperar as tradições humanistas, e... reler Orwell. Pena é que os nossos governantes não o leiam, ou, se o lêem, não o compreendam.
Boas leituras!

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Humanismo(s)


Seja numa vertente cristã, seja numa vertente secular, impõe-se recuperar a relfexão teórica em torno do Humanismo. Defensor desta última sensibilidade, o livro de Todorov, The Imperfect Garden, já traduzido para português é leitura fascinante e essencial.

Boas leituras!

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Tradição e questões de género


Numa altura em que os sound byte nos inundam quotidiana e esquizofrenicamente, eis algo para meditar sem pressões apressadas, uma reflexão de João Paulo II sobre a mulher e Jesus:

"Desde o início da missão de Cristo, a mulher demonstra para com Ele e para
com o Seu ministério uma sensibilidade especial, que corresponde a uma
característica da sua feminilidade. Convém referir igualmente que tal é
particularmente confirmado face ao mistério pascal, não só no momento da
cruz, mas também na manhã da ressurreição. As mulheres são as primeiras
junto à sepultura. São as primeiras a encontrá-la vazia. São as primeiras a
ouvir: «Não está aqui, ressuscitou como tinha dito» (Mt 28, 6). São as
primeiras a abraçar-Lhe os pés (Mt 28, 9). São também as primeiras a ser
chamadas a anunciar esta verdade aos apóstolos (Mt 28, 1-10; Lc 24, 8-11).
O evangelho de João (cf. também Mc 16, 9) coloca em destaque a
função particular de Maria Madalena, que é a primeira a encontrar Cristo
ressuscitado. [...] Por isso, é conhecida também como a «apóstola dos
apóstolos». Maria Madalena foi testemunha ocular do Cristo ressuscitado
antes dos apóstolos e, por essa razão, foi também a primeira a dar
testemunho diante dos apóstolos.Este acontecimento coroa, em
certo sentido, tudo quanto foi precedentemente dito sobre o facto de Cristo
confiar as verdades divinas às mulheres, em pé de igualdade com os homens.
Pode-se dizer que assim se cumpriram as palavras do profeta: «Derramarei o
Meu Espírito sobre todo o homem e tornar-se-ão profetas os vossos filhos e
as vossas filhas» (Jl 3, 1). Cinquenta dias depois da ressurreição de
Cristo, estas palavras são novamente confirmadas no cenáculo de Jerusalém,
durante a vinda do Espírito Santo Paráclito (Act 2, 17). Tudo o que se
disse até aqui sobre o comportamento de Cristo em relação às mulheres
confirma e esclarece, no Espírito Santo, a verdade sobre a igualdade dos
dois, homem e mulher."

Boa semana!

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Inevitabilidade histórica?







Há dias, o telejornal da Tv5 dava notícia de mais um suicídio na France Telecom (escreve-se assim?). Mais um numa sequência de muitos outros suicídios nesta empresa. Há uns anos atrás algo de idêntico sucedeu na Renault. Serão as práticas tecnocráticas e a ausência da humanitas uma inevitabilidade? Não creio, mas tristes são estes tempos em que (vi ontem na Sic) uma mulher de meia-idade (desempregada, tal como o marido) enche o frigorífico com embalagens vazias para ter a sensação de que elas encerram algo... comida, pois claro.
Esta história (real) comprova que ainda há coisas que nos surpreendem; ou como diria D. Quixote (perdoai-me mas cito em inglês, esclarecendo que não o faço por aversão aos espanhóis!): "Every day we see something new in this world; jokes become realities, and the jokers find the tables turned on them."

Bom dia!

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

A vida imita a arte, disse


Oscar Wilde... e com sensatez, refira-se. Veja-se, por exemplo, aquele notável episódio de Yes, Minister, em que Jim Hacker vai inaugurar um hospital... sem doentes.
Cá em Portugal inaugura-se um hospital do qual, após passado o acto, se retiram as camas. Ou seja, doentes para quê?
A vida imita a arte, pois claro!
Boa semana!

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Já não há canções destas: "Soon", dos Yes


"Soon oh soon the light
Pass within and soothe this endless night
And wait here for you
Our reason to be here
Soon oh soon the time
All we move to gain will reach and calm
Our heart is open
Our reason to be here
Long ago, set into rhyme
Soon oh soon the light
Ours to shape for all time, ours the right
The sun will lead us
Our reason to be here
The sun will lead us
Our reason to be here
Soon oh soon the light
Ours to shape for all time, ours the right
The sun will lead us
Our reason to be here."

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Estratégias pedagógicas....

Em Santiago de Compostela, o estudante, prestes a entrar para a Faculdade, apontava ao acaso para esta árvore, assim determinando a escolha para o futuro.
Hoje há métodos, alguns diriam, menos casuísticos, mais rigorosos, quiçá científicos, graças aos quais, em parte, se deve o sucesso generalizado por todos reconhecido.
Bom mês de Setembro e boas leituras!