sexta-feira, 23 de outubro de 2009

"Cinema ao contrário?"


E se, em vez de assistirmos ao desenvolvimento de um filme, à narrativa, aos movimentos da personagens, seus gestos, expressões, silêncios mesmo, assistíssemos às reacções de quem assiste, e do filme percepcionássemos apenas sons, vozes das personagens? Se tivéssemos de o reconstruir através dessas reacções e da oralidade narrativa?
Abbas Kiarostami propõe-nos esse exercício em Shirin.
Nele vemos desfilar os (belos) rostos de 115 actrizes (iranianas, com a excepção de Juliette Binoche), somos confrontados com as suas emoções, expressões de alegria, empatia e lágrimas, perante a história de Shirin - uma princesa persa do século XII - e dos seus amores com o nobre Khosrow.
E não há homens na assistência? Há, sim. No entanto, à semelhança da mulher com marcas de violência no rosto (índice de uma brutalidade masculina?), eles persistem em planos mais recuados. Afinal, esta é uma história que nelas reconhece uma empatia primeira.
Para já o filme foi exibido no Doclisboa.
Regressa às salas no início do próximo ano.
Não se esqueçam e não o percam!
Bons filmes!

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