segunda-feira, 26 de outubro de 2009
A bicicleta de Faulkner
Na narrativa que concebeu sobre a sua vida com Iris Murdoch, Iris, A Memoir of Iris Murdoch, John Bayley descreve a decadência daquela que foi uma das mentes mais brilhantes da cena literária inglesa do século XX, devido à doença de Alzheimer. Entre outros aspectos, Bayley refere a "expressão leonina" que será característica daqueles/as que sofrem dessa doença.
Não pude deixar de me lembrar desse passo quando, em A bicicleta de Faulkner, Maria do Céu Guerra exibe essa mesma expressão em determinado instante do processo degenerativo da sua personagem, também ela, vítima de Alzheimer.
Embora, na minha opinião, o texto de Heather MacDonald fique aquém das expectativas, visto não conseguir integrar organicamente Faulkner no texto e não explorar a dimensão da memória, tão relevante na cultura do Sul dos EUA, incentivo-vos a ir à Barraca.
A interpretação é equilibrada, destacando-se naturalmente a intensidade de Maria do Céu Guerra, a quem todos aqueles que gostam de teatro (e mesmo aqueles que não gostam!) tanto, tanto devem. Além disso, houve, para mim, uma revelação: a encenação de Rita Lello.
Não percam, portanto, e boa semana!
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