quarta-feira, 14 de agosto de 2013

Lembrando Urbano...

"(...) há um aspecto que importa pôr em evidência neste momento e só os que o conheceram podem testemunhar a esse respeito: a sua generosidade infalível, o acolhimento que sempre soube dar aos mais novos, a abertura com que encarava novas propostas estéticas, o trato amabilíssimo, a tolerância e o bom gosto que o distinguiam nas relações humanas.
Personalidades da cultura como a dele fazem-nos cada vez mais falta." Escreveu Vasco Graça Moura na sua crónica no DN. De facto, entre as memórias que dele guardo, tem um lugar especial aquela manhã algures entre Abril e Maio de 1978, quando, após eu ter apresentado um trabalho sobre L'espoir, de André Malraux, na sua aula de Literatura Francesa I, numa sala do "Pavilhão Novo" da Faculdade de Letras, ele me disse: "O Mário tem de ser professor!" Importa referir que, tal como o país naqueles tempos, também eu andava à deriva. Creio que essas palavras me ajudaram a reencontrar o rumo perdido... Um outro aspecto ainda, confirmando um dos tópicos abordados por Graça Moura. Urbano ensinava o cânone (lemos Breton e Sartre, por exemplo), e também outras vozes situadas mais nas margens. Nunca esquecerei a leitura de La Motocylette, de Mandiargues. Ou não fosse esta uma narrativa profundamente... erótica. Até sempre!

segunda-feira, 5 de agosto de 2013

"O que é a vida?"

Responde Abbé Pierre (podem ver o contexto no site da Pastoral da Cultura [http://www.snpcultura.org/abbe_pierre_em_lisboa.html], onde colhi esta bela imagem):
'Uma vez participei num programa de televisão em que tinha como interlocutor um homem muito violento, muito agressivo, que me perguntou: «O que é a vida?». Respondi: «A vida é um bocado de tempo dado a liberdades para termos a capacidade de amar. Nós, formiguinhas, somos os únicos com uma pequena parte de liberdade, de capacidade de amar e de responder com amor ao amor. Mas porquê tantas crueldades, tantas atrocidades? Deus é bom, é amor, apesar dessas infelicidades. A vida ganha sentido se, com a minha liberdade, eu quiser aprender a amar para o encontro com o Amor eterno». Quando acabei estas palavras pouco usuais, o meu interlocutor, homem ateu, conhecido pela blasfémia, gritou: «Porque não me disseram isso quando eu era pequeno?».'