segunda-feira, 15 de março de 2010

Estratégias de superação



Adepto que sou, desde a adolescência, de corridas de motas (chamemos-lhe assim sem grande preocupação pelo rigor semântico), fui um admirador incondicional do australiano Michael Doohan (na imagem com o inevitável número 1), da sua lucidez, frieza e coragem com que atacava cada prova fazendo parecer que os seus êxitos eram a coisa mais simples desta vida.
Foi-se Doohan e, algum tempo depois, veio Valentino Rossi, conhecido como O Doutor, devido ao facto de ser licenciado (em gestão, creio).
Rossi é muito diferente de Doohan e, todavia, um génio (extrovertido)!
Uma das coisas que mais me fascina em Rossi é a forma como ele lida com as suas próprias asneiras, já que, em vez de se ficar a lamentar, Rossi de imediato interioriza o disparate e faz tudo para não o repetir.
Nomeadamente exibindo algo que convoque esse mesmo disparate.
Por exemplo, neste último campeonato do mundo, o piloto italiano poderia ter alcançado o título mais cedo, mas fez uma asneira, caiu e deixou a revalidação para mais tarde.
No entanto, ao cair, logo concluiu que tinha sido um burro e que a melhor forma de o assumir era mandar pintar o focinho do burro do Shrek no capacete.
Assim o fez e foi com a imagem do burro, perante todo o mundo, que voltou às vitórias.
Ou seja, uma versão pós-moderna do escravo que, em Roma, seguia o vencedor, lembrando-lhe que era mortal.
E viva Rossi, pela sua arte e pela atitude!
Afinal, a mortalidade é algo a que nem o mais genial pode escapar.

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