quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Intimidade


é um tópico sobre o qual já me debrucei aqui tendo, então, em mente o poeta colonial americano Edward Taylor.
Trata-se, aliás, de um tópico com muita actualidade, nomeadamente devido ao cenário político e ao acolhimento de estratégias kafkianas de invasão da nossa privacidade e da nossa intimidade que se têm tornado perigosamente banais.
O governo, e o primeiro-ministro em particular, queixam-se de serem objecto dessa invasão.
Ora,qual é o problema político que se coloca aqui?
O da ausência de leitura!
Ausência de leitura? Perguntará.
Exacto, porque este governo e este primeiro-ministro ignoram, afinal, as lições da literatura distópica novecentista, como Fahrenheit 451, de Ray Bradbury, ou o óbvio ninety eighty four, de Orwell.
Se tivessem lido e compreendido Bradbury ou Orwell, ou, pelo menos, se tivessem visto os filmes, não teriam tido, certamente, a ideia peregrina e big-brotheriana de inserir chips nas matrículas dos nossos automóveis, ou de, num voyeurismo estalinista, exibir na net as declarações dos impostos do banal cidadão.
Assim se ilude a verdadeira fuga aos impostos e se promove a delação!
São tempos tristes e perigosos estes que vivemos!
E não posso deixar de recordar os versos de Eliot: "one must be so careful these days".
É verdade!

1 comentário:

  1. Então a ideia das declarações de impostos na net é do melhor que há! Até já estou a ver a gente que anda na «ladroagem» a esfregar as mãos de contentamento e a dizer, "Porreiro, pa! É só consultar o cardápio online e escolher quem e/ou que casa vamos assaltar hoje."
    Quanto à ausência de leituras, quem promove o ensino do "inglês implícito" dificilmente lerá sequer em português explícito. Isto para já nem falar da formação académica em inglês técnico.

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