quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Alice e os Livros de Horas


Ainda a propósito de Alice, deixo-vos este ínvio diálogo do texto com uma tradição nossa (vulgo judaico-cristã) de relação com o tempo.
Colhi-o na Pastoral da Cultura. O tópico é a edição fac-similada de um Livro de Horas.
Ei-lo:

"Antes das torres das igrejas serem decoradas com relógios, o que só se generalizou pelo século XV, o tempo era marcado pelo som das horas canónicas, tangidas pelo clérigo no sino, horas essas que o cristianismo recuperou da prática judaica de recitar orações a horas fixas do dia. Numa cadência de três horas, os sinos tocavam e anunciavam o momento de rezar, marcando assim o tempo religioso e o ritmo do trabalho.
Inicialmente destinava-se a servir de guia aos religiosos e monges de cada comunidade, assim como a todos os ordenados, dado que estes tinham de realizar, de forma ininterrupta, a oração da Igreja (louvar a Deus e pedir a salvação da humanidade). A vida consagrada, organizada com o monaquismo, tinha como objectivo máximo essa oração regular que assim se desenvolveu e aumentou, pois a ela eram dedicadas várias horas do seu labor. Seguiam para esse efeito o Breviário, livro que, de uma forma breve e prática, condensava todos os textos necessários para esses ofícios divinos.
Essas horas, distribuídas na sua forma inicial por oito tempos, tinham os seguintes nomes: matinas (meia-noite); laudes (três da manhã); prima (seis horas); terça (nove horas); sexta (meio-dia); noa (três da tarde); vésperas (seis da tarde); completas (nove da noite/depois do pôr-do-sol). A cada uma destas horas correspondia um conjunto de orações.
Toda a comunidade cristã era também convidada a participar nessa celebração constante. Para que o pudesse fazer começaram a aparecer, na Idade Média tardia, os chamados Livros de Horas, que tornavam acessível aos leigos, através de imagens e de diálogos, o Breviário, que os não tinham. Lembremos o que escreveu Lewis Carroll. no começo da sua obra imortal Alice no País das Maravilhas: «Alice começava a aborrecer-se imenso de estar sentada à beira-rio com a irmã, sem nada para fazer: espreitara uma ou duas vezes para o livro que a irmã lia, mas não tinha gravuras nem diálogos: “E de que serve um livro, pensou Alice,se não tem gravuras nem diálogos?”». Pensamento semelhante deveriam ter os Homens medievos, dado que os Livros de Horas se tornaram o maior best-seller dos séculos XIV a XVI. O aparecimento da imprensa veio ajudar essa divulgação e esse êxito.!"

Faltaria acrescentar que depois surgiriam aqueles que, através do controle da imprensa e de zelosas escutas, nos queriam obrigar a ler só os seus Livros de Horas...

Boas leituras!

1 comentário:

  1. Muito bom o blog, parabens!!!

    dica...

    li um livro muito bom vou deixar essa dica aqui pra vcs, A Ordem é Amém de John Chelh é um livro incrivel que relata a história de um falso pastor mostrando tmb o tamanho do poder de Deus, vale a pena ler , eu o encontrei no site www.seteseveneditora.com

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