sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Kierkegaard


escreveu um dia, a propósito da relação pedagógica, que não é difícil obrigar a parar alguém com quem nos cruzamos na rua e forçar esse alguém a ouvir o que temos para lhe dizer. Difícil, sim, é cruzarmo-nos com alguém, dizermos o que temos para lhe dizer, sem interrompermos o seu percurso e o nosso próprio percurso.
Penso amiúde nesta ideia, a qual já citei por mais de uma vez em livros meus, pois creio que reside aí a verdadeira essência da relação pedagógica. Pelo menos, da relação pedagógica numa perspectiva humanista e personalista. A que me interessa, portanto!
Uma relação pedagógica que está nos antípodas do êduquês, obviamente!
Agora, que terminei um semestre e que tenho recebido tantos e tão generosos comentários a esse tempo vivido em conjunto, de novo constato quão justo e urgente é este paradigma!
Deixo esta meditação, com amizade, a quem comigo se cruzou ao longo destes meses, consciente de que, afinal, este encontro não se confinou a essa fatia de tempo!
Até breve!

3 comentários:

  1. O que tem sido mais gratificante ao longo dos meus 18 anos de ensino, tem sido exactamente esse sentir, sentir que ajudei alguém a caminhar numa nova direcção, ou mesmo na mesma direcção mas com maior confiança e segurança no seu progresso. como estou a terminar o semestre também tive esse agradecimento por parte dos meus alunos. Outro consolo é encontrá-los na rua e virem cumprimentar-me e agradecerem-me por os ter incentivado a seguir o melhor caminho. É por isso que ainda consigo arranjar motivação para "dar" aulas!

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  2. Como tudo o que não presta para nada, também a moda do «eduquês» há-de passar, quanto mais não seja, porque aquilo cria um vazio mental confrangedor e a ciência já provou a natural tendência humana para ocupar o vácuo...

    De resto,o genuíno significado da expressão «dar aulas» envolverá sempre reiterados actos de generosidade.

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  3. Se outro sentido não houvesse que a anafada fórmula do eduquês para manter o ensino cativante, a esta hora eu não estaria aqui, vinte anos volvidos sobre os meus últimos estudos, com a satisfação, para além dos testes e classificações, de ter encetado um percurso acompanhado por quem tem algo a dizer-me. O meu percurso não foi interrompido, foi positivamente redireccionado.
    Carlos Chaves

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