sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010
Absorção e teatralidade
são dois conceitos centrais no pensamento crítico de Michael Fried. A ele (particularmente ao livro sobre Eakins e Crane) devo alguma da leitura que fiz da poesia de Whitman.
O seu último livro sobre fotografia prossegue a reflexão realizada a partir de Diderot, e passando por Courbet e Manet.
Deixo-vos um excerto da entrevista que Fried concedeu a Carlos Vidal a propósito deste novo momento deste seu percurso intelectual:
"Continuo, por exemplo, ligado à absorção. Vejo-a na fotografia actual, nos Becher, em Struth, Ruff ou Wall. Penso que a fotografia prolonga a episteme de Diderot, episteme que teria durado cerca de dois séculos dando lugar às questões do modernismo tal como temos comentado. Contudo, agendas afins – a essência, medium, a convenção –, para a análise da fotografia, não me parecem tão significativas como a absorção versus teatralidade. Mas actualmente a absorção já não é simples nem genérica – não se trata de um conceito prévio para aplicação comum. Quando Barthes, em La Chambre Claire, nos fala do punctum, elemento de singularização de uma fotografia, diz-nos que não surge intencionalmente. Posso daí estabelecer relações com a tradição antiteatral da pintura e com Diderot ficcionando a ausência do espectador. Cada obra e cada fotógrafo lidam a seu modo com esta questão e a oposta, a da reinscrição da teatralidade. Struth, por exemplo, para vencer a teatralidade opta por fotografar gente que conhece (ou faz por conhecer, vivendo com os retratados antes de os fotografar), dialoga e pede para os modelos escolherem pose e disposição, utiliza longos tempos de exposição, coloca-se sempre ao lado da câmara, realiza várias sessões, etc. "
Bom fim de semana!
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Grata pela partilha desta semana e pelas viagens que proporcionou...Dos lilases do Rip aos estudantes judeus na América,do pai de Kunitz a baleias que morrem na areia...'Layers'... Eggleston e - sem dúvida! - Pedro Costa... 'Ne change rien'.
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