sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Um texto muito amável


de Yvette Centeno no seu blog (Literatura e Arte) sobre o meu romance, depois daquele com que me honrou na Colóquio Letras.
Aqui vos deixo as primeiras linhas.
Podereis lê-lo na íntegra em: http://literaturaearte.blogspot.com/

Foi lançado um novo romance de Mário Avelar:
Inveja, uma novela académica, ed. Assírio e Alvim, Lisboa, 2010.
Não podia ser mais actual, no momento que vivemos, num país que celebra a República e os seus valores (como se os valores pudessem ser deste ou daquele modelo de sociedade e governação e não dos homens que deles se ocupam).
A estes valores de memória - que bem longe estão de quem os defendeu, por vezes com a vida, muitas vezes com o exílio e um sofrimento perpetuado - vem Mário Avelar chamar a atenção para "novos valores", os da geração que nascida e criada no post- 25 de Abril descobriu que viver a vida é melhor do que dar a vida- seja lá pelo que fôr- que a esfera do poder é aquela em que melhor poderão actuar - estudar para quê, se no interior dos partidos tudo se aprende e treina, bem depressa e melhor...e se progride social e financeiramente a uma velocidade nunca imaginada.It's all about business...
A República, os seus valores, a frase consagrada e já estafada de tanto uso da ÉTICA republicana...está hoje reduzida a um ávido olhar sobre cargos e lugares subsidiários disponíveis, possível distribuição por família ou amigos cuja obediência subserviente ficará mais do que garantida...enfim.
Estas são algumas das ideias que me atravessam o espírito enquanto leio o livro, com a tendência que tenho de não me desligar do mundo em que escolhi viver, também eu: o da Academia, outrora respirando vocações, hoje envenenada por impertinentes protecções e promoções.
Porque esta novela académica é na realidade mais do que isso: um subtil e cruelmente irónico, para não dizer caricatural, desenvencilhar do novelo político em que nos encontramos todos enredados. E não interessa discutir quando começou. Interessa é tentar ver quando acabará. Será ainda no meu tempo de vida? Dos meus filhos, dos meus netos?

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