quarta-feira, 9 de dezembro de 2009
Interpretações do Rosto
"És Tu quem nos espera
nas esquinas da cidade
e ergue lampiões de aviso
mal o dia se veste
de sombra
Teu é o nome que dizemos
se o vento nos fere de temor
e o nosso olhar oscila
pela solidão
dos abismos
Por Ti é que lançamos as sementes
e esperamos o fruto das searas
que se estendem
nas colinas
Por Ti a nossa face se descobre
em alegria
e os nossos olhos parecem feitos
de risos
É verdade que recolhes nossos dias
quando é outono
mas Tua palavra
é o fio de prata
que guia as folhas
por entre o vento"
O título deste poema de José Tolentino Mendonça é "A fala do rosto". Encontrá-lo-ão em A Noite Abre Meus Olhos (título que, diz-me um dos meus filhos, ecoa os Smiths), a poesia reunida de Tolentino.
O Rosto acima foi pintado por Rouault.
Boas leituras!
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