domingo, 19 de setembro de 2010

Como representar o que está para além da representação?


Uma eventual resposta para esta questão pode ser encontrada na obra do padre dominicano Kim En Joong.
Escreve-se, a propósito dos seus vitrais para a Basílica de São Julião, em Brioude (França), no site da Pastoral da Cultura:
"Estas obras de traço limpo e informal, que coabitam com vitrais tradicionais dispostos no deambulatório, iluminam e transfiguram os espaços imponentes do templo. ...
A cada hora que passa, a luz transmite sempre algo de novo – de manhã, tons de azul e de verde, à tarde uma coloração avermelhada. Podemos passar um dia na basílica e a cada hora vê-se sempre algo de diferente.E há quem refira que as cambiantes de luz são também uma oportunidade para manifestar a passagem do tempo.
O artista atribuiu a cada vitral a imagem de um profeta ou de um santo: Moisés, Elias, Isaías, Ezequiel, Jeremias, Daniel, os quatro evangelistas e os apóstolos, além, naturalmente, de São Julião.
Fugindo às representações clássicas da Bíblia e da história do cristianismo, o Fr. Kim En Joong aposta nas cores, cuja vibração, explica, deve fazer transparecer 'aquilo que nunca pôde ser representado'.
O vermelho assinala o amor trinitário, a sarça ardente, o carro de fogo de Elias, o sangue de Cristo redentor. O azul é o céu e a pureza, o convite ao infinito e à imaterialidade, além de ser a cor de Maria.
O amarelo, durante muito tempo considerado uma cor menor na história da pintura, surpreende o visitante, manifestando a alegria do Magnificat e a ascensão, ligada à ressurreição.
O verde é expressão do princípio vital, da Árvore da Vida, da natureza e do apaziguamento. E também o preto e branco, simbolizando 'o combate entre as trevas e a luz'”.

Podereis ver exemplos do seu trabalho em:
http://www.snpcultura.org/tvb_vitrais_kim_en_jooong.html

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