sexta-feira, 12 de outubro de 2012
"Viver é apenas o tempo de uma entrada, que dura um instante"
Referi há algum tempo neste espaço Dos homens e dos deuses, o filme de Xavier Beauvois sobre os monges mártires da Ordem Cisterciense da Estrita Observância que viviam no mosteiro de Tibhirine, uma aldeia da região argelina do Magrebe.
Quem viu o filme, recordar-se-á de, em determinados momentos, breves instantes, a escrita emergir. Com ela é a intimidade que se revela. Uma intimidade que persiste nos silêncios, nomeadamente no recolhimento das orações.
Nessa intimidade é, afinal, um caminho e uma resposta que se procura.
Dom Henri Teissier revela-nos algumas dessas meditações, inserindo-as no espiritual e de santidade de um destes mártires, Christophe Lebreton. É do livro com título homónimo, sub-intitulado "monge mártir e mestre espiritual para os nossos dias", que transcrevo alguns passos, deixando a referência como um convite para a sua leitura.
Ei-las:
A passagem - "Hoje convidas-me ao combate, [...] a entrar pela porta estreita. [...] Pela mão me conduziste. Viver é apenas o tempo de uma entrada, que dura um instante, e de repente fica-se no interior. Assim foi também este domingo para as nossas duas irmãs [duas freiras assassinadas pelos terroristas islâmicos]. Elas ganharam. Transpuseram o limiar e agora esperam por nós do outro lado." (Diário, p. 116)
A radical empatia com a alteridade - "Construir a história juntamente com o outro ... Nisso reside uma possibilidade de humanidade nova."(Diário, p. 200)
A radical empatia com o lugar - "Gosto da luz destas paragens, amo o sol e a montanha cuja imponência não nos esmaga, deleitam-me as cores mornas, doces e vivazes no olhar de paz dos olhos desta terra." (Aime, p. 144)
Boas leituras e bons filmes!
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