terça-feira, 3 de janeiro de 2012
O segundo melhor filme do ano, foi,
para mim, claro, Habemus Papam, de Nanni Moretti. Os Cahiers puseram-no em primeiro. Enfim, gostos. No ensaio intitulado "L'année du chaos", Stéphane Delorme considera que a segunda imagem do ano (a primeira seria o cosmos de A Árvore da Vida) seria a varanda vazia de Habemus Papam, alegoria de um supremo vazio do poder. Sinais dos tempos, dos nossos tempos, com políticos medíocres, licenciados sabe-se lá quando e onde, e etc., e a demissão de cidadania colectiva pela qual todos somos responsáveis (há quem pense que as bocas no Face de Bouc são exercício de cidadania ou mesmo de afirmação política; para mim são, basicamente, o equivalente nas novas tecnologias das bocas lançadas na velha taverna ou na não menos velha capelista).
Eis um excerto da análise de Delorme:
"Le pape qui recule, c'est l'homme politique aujourd'hui qui recule devant un monde qu'il ne sait plus gouverner. ... Il y a un instant vertigineux dans le film de Moretti, lorsqu'un commentateur à la télévision se lance dans un discours inepte avant de s'arrêter comme le loup de Tex Avery s'arrête au-dessus du vide bien après que la falaise a disparu, et il ajoute: "Excusez-moi, j'improvise." On est là.
Le chaos mondial, ce n'est pas la catastrophe écologique attendue, prévue pour plus tard. Le chaos ici et maintenant, c'est le monde inversé (mundus inversus). ... Habemus Papam ... est le film le plus important de l'année: il a montré sur grand écran la vacance du pouvoir."
O que nos conduz ao regresso da alegoria.
Mas isso fica para depois!
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