sexta-feira, 3 de junho de 2011
Inveja no Porto
Retirados do Twitter, eis alguns fragmentos da conversa, a propósito de Inveja, que tivemos na Feira do Livro do Porto.
Na foto, à esquerda, Teolinda Gersão, claro, ao centro, António Costa que organizou o encontro:
Imaginemos que há uma câmara e vai penetrando no intimo das pessoas e no que estão a pensar. Este livro é um único plano sequência. 175 páginas e um só parágrafo. É como se fosse um filme que nunca tem montagem. A ideia é, por um lado, pegar num determinado tipo de universo e partir daí, fazer uma sátira da sociedade portuguesa, a partir da Universidade.
Chamei-lhe novela, apenas pela extensão.
Há pessoas que seguem a via académica por outros motivos. Porque adoram falar na televisão, ascender à carreira política. A universidade é apenas o trampolim para qualquer coisa. Eu queria escrever e comecei a ir para as reuniões de caderno na mão. Tinha um caderno só para as reuniões e apontava lá tudo o que ia vendo e assistindo. Mas depois quis fazer um romance universitário mas que não se passasse lá. Sobre as nossas idiossincrasias.
Quis criar uma espécie de painéis de São Vicente. Nós olhamos para lá e vemos o “Mourinho”, o “Salazar”. As pessoas reconhecem os rostos. E eu tentei fazer exactamente isso no livro. Reconhecer rostos que, todavia, não identificamos. Pegar na sociedade portuguesa e satirizá-la. Mais do que uma coisa sobre a universidade, é algo sobre aquilo que somos em Portugal.
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