terça-feira, 19 de novembro de 2019
Luke 19: 1-10
"He [Jesus] entered Jericho and was passing through it. A man was there named Zacchaeus; he was a chief tax-collector and was rich. He was trying to see who Jesus was, but on account of the crowd he could not, because he was short in stature. So he ran ahead and climbed a sycomore tree to see him, because he was going to pass that way. When Jesus came to the place, he looked up and said to him, ‘Zacchaeus, hurry and come down; for I must stay at your house today.’ So he hurried down and was happy to welcome him."Was he, Zacchaeus, somewhere deeper, hoping for a glance... a word... a healing?
quinta-feira, 11 de julho de 2019
Antonio Lopez, uma exposição
do fotógrafo americano no Centro Cultural de Cascais a não perder. A não perder também a leitura de "A Visionary Language", o texto do catálogo da autoria da curadora Anne Morin (aliás, cita Sylvia Plath... que tal?). Aqui vos deixo um breve passo (inicial), precedido destas linhas de Henri Michaud - Queria desenhar a consciência de existir e a passagem do tempo - para aguçar o apetite: Ao escutarmos o primeiro andamento da Sinfonia nº 41 de Mozart, a Sinfonia Júpiter, ficamos de imediato impressionados com a sua estrutura binária, nitidamente definida, e as tonalidades diametralmente opostas e até contraditórias.
Mozart compõe o pano de fundo para este contraponto através de uma interacção subtil de formas, cores e ritmos alternados. Cria uma ligação entre algo flutuante e leve e algo denso e agitado, que troa e ribomba e, no auge da tensão, do seu paroxismo, desencadeia a simetria intrínseca da totalidade da peça. A exuberante fuga ergue-se para marcar a modulação serena de um andante cantabile, decrescendo em seguida para um silêncio breve, antes de elevar nos ares uma vez mais.
segunda-feira, 3 de junho de 2019
A Edward Lear,
conhecido pelo "homem do nonsense", se deve um belo livro de viagens, por ele próprio ilustrado, que dá pelo nome de The Cretan Journal. Sobre Rethymon, cidade (mais um lugarejo, dir-se-ia, na altura) por ele pintada nesta imagem, escreveu Lear a 8 de Maio de 1864. Era um Domingo, por volta das dez e meia da manhã: "We [ele e o seu "mordomo" e fiel companheiro Giorgis] dawdled back, heat already beginning to be great. The long lines of Rethymon are a bore, but the clear sparkle of the city and the broad band of Sphakian snow white separating lilac and blue is fine, in the mountain distance." Quando puderem, leiam este livro.
O azul do horizonte em Corfu,
segundo Lawrence Durrell, em Prospero's Cell: "Somewhere between Calabria and Corfu the blue really begins. All the way across Italy you find yourself moving through a landscape domesticated - each valley laid out after the architect's pattern, brilliantly lighted, human. But once you strike out from a flat and desolate Calabrian mainland towards the sea, you are aware of a change in the heart of things: aware of the horizon beginning to stain at the rim of the world: aware of islands coming out of the darkness to meet you.
[...] You enter Greece as one might enter a dark crystal; the form of things becomes irregular, refracted. Mirages suddenly swallow islands, and everywhere you look the trembling curtain of the atmosphere deceives."
A propósito de "Prospero's Cell", de Lawrence Durrell,
escreve Jo Collen: It was Lawrence Durrell who had the idea to move to Corfu with Nancy in the winter of 1935. He had been inspired by his friend, George Wilkinson who had sent letters describing the warm sunshine of Corfu. Increasingly frustrated with “Pudding Island” and “the English Death”, Lawrence longed for something different and Nancy, an artist, was happy with the idea of a more bohemian lifestyle on a Greek Island.
When Louisa Durrell, or “Mother Durrell” as the family called her, announced that the whole family would also like to move to Corfu, Lawrence was quick to distance them, but he didn’t exclude his wider family from his plans entirely. Lawrence and Nancy arranged to travel first to Corfu, with the rest of the family coming later. Once in Corfu, Lawrence and Nancy at first settled in a little villa in Perama that Lawrence called Villa Bumtrinket. When the rest of the family arrived, they set up home in The Strawberry Pink Villa close by, overlooking the iconic Mouse Island. Aqui fica uma imagem de Nancy, mencionada no obra apenas como N. Sobre ela, escreveu o poeta arménio Ivan Zarian (segundo ele próprio, "o maior poeta arménio"): "Dear Durrell: we miss you but most your beautiful wife. Dear Boy, yes, certainly I have immortalized you this week."
A não perder na RTP2
A série inspirada em The Corfu Trilogy, da autoria de Gerald Durrell, irmão mais novo do nosso colega Lawrence. Passa ao domingo à noite. Uma terna imersão na memória de uma família em busca de um novo sentido para a vida, alguns anos após a morte do pai. Aqui vos deixo uma imagem retirada da série, e uma outra com o registo dos anos ali passados (a preto e branco, claro!).
terça-feira, 23 de abril de 2019
John 20, 11-18
Jesus said to her, "Woman, why are you weeping? Whom are you looking for?" Supposing him to be the gardener, she said to him, "Sir, if you have carried him away, tell me where you have laid him, and I will take him away." Jesus said to her, "Mary!" She turned and said to him in Hebrew, "Rabbouni!" (which means Teacher). Jesus said to her, "Do not hold on to me, because I have not yet ascended to the Father. But go to my brothers and say to them, ‘I am ascending to my Father and your Father, to my God and your God.’" Mary Magdalene went and announced to the disciples, "I have seen the Lord"; and she told them that he had said these things to her.In this passage, Mary Magdalene experiences a roller-coaster of emotions. At the beginning, she is grieving for her lost friend, and for the hopes that were also lost when he was killed. What is there in your own experience that tells you what that is like?
segunda-feira, 25 de março de 2019
No dia que hoje celebramos
este poema de Coreografando melodias no rumor das imagens:
Ecce Ancilla Domini, Dante Gabriel Rossetti
Pier Paolo reconheceu o seu/
rosto numa jovem desconhecida,/
Margherita Caruso, de seu nome./
Talvez nela tenha sentido/
a beleza moral que/
Masaccio outrora fixara./
Tu, Dante Gabriel, desvendaste-o/
em Christina, tua irmã, em seu/
tímido, recatado pudor.//
Pier Paolo escolheu a nudez/
que alguém considerou desolada,/
de Sassi di Matera, como/
cenário./
Tu, Dante Gabriel, concebeste-o/
no austero conforto d’um claustro.//
A Pier Paolo bastou o/
olhar expectante de Margherita./
Para ti, Dante Gabriel, habituado/
que estavas a viver na prosa/
do mundo, era inevitável/
o lírio branco.//
Ambos viram, porém, o seu rosto/
em jovens como tantas outras/
que, entre nós, habitam.//
Eu reconheci-o hoje pela manhã,/
ao olhar para ti/
quando dormitavas -/
come sei bella con la tua faccia/
stanca. //
Não longe de nós, o/
menino e o luar, frutos teus,/
repousavam./
quarta-feira, 20 de março de 2019
Some things never change, parte II - "A cunha"
Mateus 20: "Então a mãe dos filhos de Zebedeu aproximou-se de Jesus com os filhos e prostrou-se para Lhe fazer um pedido.
Jesus perguntou-lhe: «Que queres?». Ela disse-Lhe: «Ordena que estes meus dois filhos se sentem no teu reino um à tua direita e outro à tua esquerda»."
Some things never change:
Livro de Jeremias 18,18-20
"Os inimigos de Jeremias disseram entre si: 'Vamos fazer uma conspiração contra Jeremias, pois não nos faltará a instrução de um sacerdote, nem o conselho de um sábio, nem o oráculo de um profeta. Vamos feri-lo com a difamação, sem fazermos caso do que ele disser'." [itálicos meus]
terça-feira, 12 de março de 2019
Écfrase como alegoria da narrativa
É o caso deste passo de The Dying Animal, de Philip Roth, a partir do quadro de de Stanley Spencer, que aqui transcrevo em tradução portuguesa. Vós, mais jovens, não fiqueis perturbados pelo facto de corpos de quarenta e cinco anos serem evocados como decadentes... Está exposto no Tate um quadro de Stanley Spencer, um retrato com nu duplo de Spencer e da sua mulher aos quarenta e cinco anos, mais ou menos. É a quinta-essência da franqueza no tocante a coabitação, no tocante aos sexos viverem juntos ao longo do tempo. ... Spencer está sentado, acocorado ao lado da mulher deitada. Olha meditativamente para ela, de perto, através dos óculos de aros metálicos. Nós, por nossa vez, olhamos para ambos de perto: dois corpos nus ali à frente da nossa cara, para vermos que eles já não são jovens e atraentes. Nenhum deles parece feliz. Um passado espinhoso agarra-se ao presente. No caso da mulher, em particular, começou tudo a afrouxar, a espessar, e estão por vir rigores maiores do que carne estriada.
Na beira de uma mesa, no primeiro plano imediato do quadro, encontram-se dois pedaços de carne: uma grande perna de borrego e uma única costeleta. A carne crua é apresentada com uma meticulosidade fisiológica, com a mesma sinceridade cruel dos seios pendurados e do pénis descaído e não excitado expostos a poucos centímetros apenas da comida não cozinhada. É como se olhássemos através da montra do homem do talho, não apenas para a carne, mas também para a anatomia sexual do par casado.
sexta-feira, 8 de março de 2019
Com a sabedoria de Woody Allen, bom fim de semana
“In my next life I want to live my life backwards. You start out dead and get that out of the way. Then you wake up in an old people's home feeling better every day. You get kicked out for being too healthy, go collect your pension, and then when you start work, you get a gold watch and a party on your first day. You work for 40 years until you're young enough to enjoy your retirement. You party, drink alcohol, and are generally promiscuous, then you are ready for high school. You then go to primary school, you become a kid, you play. You have no responsibilities, you become a baby until you are born. And then you spend your last 9 months floating in luxurious spa-like conditions with central heating and room service on tap, larger quarters every day and then Voila! You finish off as an orgasm!”
terça-feira, 29 de janeiro de 2019
"Luz e melancolia na pintura de Joaquín Sorolla"
é o título de um texto de Rita Gameiro no mais recente número da Revista Portuguesa de Psicanálise. Dele, desse texto, deixo aqui este fragmento: "[h]á algo na sua [de Joaquín Sorolla] pintura que comporta uma certa melancolia. Embora múltiplas obras suas apareçam contaminadas de vivacidade, a sua pintura faz-nos contactar com sentimentos ambíguos. Vacilamos entre a exaltação da luminosidade e o que se esconde nas sombras esbatidas. Figuras humanas aparecem sem que nos ofereça a possibilidade de perscrutar os seus traços, apresentando-se como figuras pertencentes à obra e não como seres do real. Somos levados a acreditar que talvez Sorolla não se importasse com tais pormenores, mas permanece a interrogação sobre o que procurava o pintor transmitir nas suas pinturas de luz."
segunda-feira, 28 de janeiro de 2019
Inveja
Segundo Isaac da Estrela (?-c. 1171), monge cisterciense: O que é próprio das pessoas maldizentes e animadas pela inveja é fechar, tanto quanto possível, os olhos aos méritos de outrem; e quando, vencidos pelas evidências, já não conseguem fazê-lo, depreciá-los e desvirtuá-los.
quinta-feira, 17 de janeiro de 2019
As Escrituras como espaço de inquietação
Eis este passo de Marcos 1: 40-45, na versão inglesa: "A leper came to him begging him, and kneeling he said to him, "If you choose, you can make me clean." Moved with pity, Jesus stretched out his hand and touched him, and said to him, "I do choose. Be made clean!" Immediately the leprosy left him, and he was made clean. After sternly warning him he sent him away at once, saying to him, "See that you say nothing to anyone; but go, show yourself to the priest, and offer for your cleansing what Moses commanded, as a testimony to them." But he went out and began to proclaim it freely, and to spread the word, so that Jesus could no longer go into a town openly, but stayed out in the country; and people came to him from every quarter."
Eis agora como os jesuítas ingleses fazem deste passo um instante de inquietação, de perturbação das nossas certezas: "Jesus reached out to the man. The man believed in Jesus and knew he could heal him. There are many such stories in the Bible that we know well. Jesus was good at healing people. But would you heal this man? Knowing that all these people would come after you and you wouldn’t get a minute’s peace. Would you really heal him?
The scripture says that Jesus felt sorry for the man. But he did more than empathise and feel his pain. He did something about it. He acted. Despite the problems and hassle it was going to cause him, he did something about it." [itálicos meus]
Quando a poesia nos ajuda a ler melhor
as misérias que nos rodeiam.
A palavra a Ricardo Reis:
"Ouvi contar que outrora, quando a Pérsia/
Tinha não sei qual guerra,/
Quando a invasão ardia na Cidade/
E as mulheres gritavam,/
Dois jogadores de xadrez jogavam/
O seu jogo contínuo."
quinta-feira, 10 de janeiro de 2019
Uma noção que me tem movido
ao longo dos anos, fazendo-me questionar as inércias com que somos confrontados no nosso quotidiano; ei-la exemplarmente sintetizada por Gianfranco Ravasi: O talento recebido não deve ser enterrado no fundo escuro da inércia e da indiferença negligente.
segunda-feira, 7 de janeiro de 2019
Pound e o teu olhar, hoje
"In a Station of the Metro": The apparition of these faces in a crowd;/ Petals on a wet, black bough. E tu, o que vês? Look at the faces of the people around you. What burdens are they carrying? What pains, what troubles in their lives? And what is burdening you right now? Boa semana!
sexta-feira, 4 de janeiro de 2019
A propósito do conceito de "self-reliance",
escreveu Ralph Waldo Emerson no ensaio que tomou este mesmo conceito como título: Is it so bad then to be misunderstood? Pythagoras was misunderstood, and Socrates, and Jesus, and Luther, and Copernicus, and Galileo, and Newton, and every pure and wise spirit that ever took flesh. To be great is to be misunderstood. I suppose no man can violate his nature. Mesmo sem querermos comparar-nos a estas figuras maiores, uma questão se coloca: por que razão devemos nós, afinal, recear expressar o nosso ponto de vista, mesmo quando... aliás, acima de tudo quando isso significa ir contra a corrente? O que resta, então? A coerência, pois bem. Bom fim de semana.
Expressões que, vindo de tempos distantes, ecoam
ainda na nossa memória; Gospel of John: ‘You are Peter, and on this rock I will build my Church, and the gates of hell shall not prevail against it.’ Eis como os jesuítas ingleses do Pray as you go propõem a sua leitura: This conversation doesn’t seem to hang together. ‘What are you looking for?’ asks Jesus. But John’s disciples answer with another question, ‘where are you staying?’ Perhaps they are asking, ‘where can we find you, where do you belong, how can we place you and fit you in to our own perspective?’ There’s only one way to find out, and that’s to begin a journey of exploration, spending time with Jesus. We know that this will be the first step for these two men on a journey which will take them far beyond what feels safe and familiar.
Imagine yourself into this scene. You don’t know who this man is or where he is leading you. What does it feel like to go along with him? Do you feel eager or perhaps a bit apprehensive? You don’t know where this is all going to lead, yet you stay with him all afternoon. What makes you stay? Andrew wants to share the news of his great discovery. It’s the beginning of an epic story. How does it feel to be at the beginning of it all, witnessing the disciples’ call? How do you want to respond?
E agora eis como o nosso querido Tom Petty realiza aquela experiência, a toma como sua, e se apropria daquela expressão, num eco ético: "You can stand me up at the gates of hell, but I won't back down."
Bom ano!
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