segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

Uma meditação particularmente fascinante

sobre uma das parábolas bíblicas que sempre mais me impressionou. É autor desta meditação José Frazão Correia em A fé vive de afecto - Variações sobre um tema vital. Já havia aqui assinalado este livro, deixo-vos agora um passo da referida meditação, com uma breve informação: José Frazão Correia é o novo provincial dos jesuítas. Uma boa notícia, portanto. Quando tanto se fala da mediocridade instalada, é reconfortante ver uma mente brilhante num lugar relevante. Aqui fica, então, o tal passo. Mas antes de o ler, pensemos quantas vezes não nos apressámos nós a julgar a alteridade? Agora, sim, após essa breve pausa para que nós próprios nos interroguemos, eis o passo: "Jesus está sentado a ensinar. A sua voz ensina, assinala, precisamente, porque imprime um sinal. Mas eis que Jesus se cala e, em silêncio, deixa espaço para que outras palavras se possam dizer e outras vozes se façam ouvir. Porém, as que chegam são de acusação e de julgamento. São ditas sobre uma mulher apanhada em flagrante adultério, exposta na impudica praça de todos os olhares. Num triste espectáculo público, circundam-na inúmeros dedos apontados num rebuliço insuportável. 'De um lado, o vociferar agressivo, do outro, o silêncio de Jesus. As vozes que se levantam trazem a ironia ('Mestre'), o veredicto já dado ('Moisés mandou-nos lapidar mulheres como esta') e a armadilha ('Tu, o que dizes?').' A esta provocação, 'Jesus responde em silêncio com o gesto de se curvar e de marcar a terra com o dedo' (70-71). Eis, então, que vinda do silêncio, sensível e reflexiva, a voz de Jesus re-nasce." (pp. 54-55)

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