quinta-feira, 16 de janeiro de 2014
Sobre a importância dos genéricos de Polanski
escreveu Stéphane Delorme, redactor-chefe dos Cahiers du Cinéma na edição de Novembro. Apesar do atraso, aqui deixo o seu comentário sobre o genérico de Vénus à la fourrure, que nos ajuda a olhar melhor para o filme nas suas múltiplas vertentes:
terça-feira, 14 de janeiro de 2014
Dicionário dos lugares imaginários
O Jornal de Letras publicou um dossier sobre a tradução desta obra. Além da entrevista a um dos autores, surgem contributos de escritores/académicos portugueses, entre os quais o meu. Foi-nos pedido que escolhessemos um lugar imaginário estrangeiro e um português. As minhas escolhas recaíram em Ecotopia, o romance de Ernest Callenbach (embora o meu coração tivesse oscilado com o número 221 B de Baker Street!), e A Torre da Barbela, de Ruben A.
Aqui vos deixo as minhas escolhas:
Ecotopia – Em 1981, uma guerra de secessão leva à separação da Califórnia, de Washington e do Oregon dos Estados Unidos da América. No novo país que dá pelo nome de Ecotopia , e que, segundo Joel Barlow, faz fronteira com os loci culturais Mexamerica e Empty Quarter (por nós conhecido por Midwest), predomina uma sociedade onde ecologia, socialismo (devedor da Revolução Cultural Chinesa) e feminismo convergem para dar corpo à desejada utopia. Ernest Callenbach descreve da seguinte forma os seus habitantes: … muitos ecotopianos assemelhavam-se aos antigos habitantes do Oeste … como se fossem personagens da Corrida ao Ouro renascidas … frequentemente estranhas, mas não com um ar louco ou sórdido como o dos hippies dos anos sessenta. Por seu turno, a concepção do espaço urbano evoca alguns dos momentos mais visionários de Hundertwasser; veja-se Market Street em S. Francisco: Nesta avenida principal podem-se ver séries de pequenas e encantadoras cascatas, com água caindo, e canais com pedras, árvores bambus, sebes. Afinal, onde se poderia pensar a utopia na América, senão sempre mais a Oeste?
(Ernest Callenbach, Ecotopia, 1975; Joel Barlow, The Nine Nations of North America, 1981)
A Torre da Barbela – Dir-se-á que o lugar efectivamente existe. Comprová-lo-ão as peregrinações dos amigos de Ruben, às quais não terão faltado as devidas e peculiares assombrações, como um dia relatou Guilherme d’Oliveira Martins. Mas nem elas puderam testemunhar os animados encontros que, ao cair da noite, animam o outrora próspero condado da Barbela; recorde-se que [n]a embaixada que D. Manuel mandou ao papa Leão X ia a carroça típica, carregada das especialidades do condado da Barbela… Quando emergem as personagens que, ao longo dos séculos testemunharam a nossa História, de imediato reconhecemos a nossa identidade: a nostalgia que irremediavelmente nos prende a um passado perdido e que faz com que … as pessoas fal[e]m todas da véspera…; o nosso reconhecido impulso para o improviso (Nós improvisamos e aí é que somos geniais.); a reiterada incapacidade de reconhecer a nossa verdadeira dimensão (… Notre-Dâme, um pouco maior que a da Moutosa onde havia sermões de sete horas sem interrupção.); uma sensibilidade que nos torna, reconheça-se, fascinantes e que se projecta nesses … versos simples que atravessam a história cantando um lirismo tranquilo e saudoso. Tudo isso Ruben A. viu e descreveu com superior sentido de humor nesta obra que continua a ser um dos mais belos auto-retratos deste lugar em que vivemos e daquilo que somos.
(Ruben A. A Torre da Barbela, 1964)
segunda-feira, 13 de janeiro de 2014
Uma meditação particularmente fascinante
sobre uma das parábolas bíblicas que sempre mais me impressionou. É autor desta meditação José Frazão Correia em A fé vive de afecto - Variações sobre um tema vital. Já havia aqui assinalado este livro, deixo-vos agora um passo da referida meditação, com uma breve informação: José Frazão Correia é o novo provincial dos jesuítas. Uma boa notícia, portanto. Quando tanto se fala da mediocridade instalada, é reconfortante ver uma mente brilhante num lugar relevante.
Aqui fica, então, o tal passo. Mas antes de o ler, pensemos quantas vezes não nos apressámos nós a julgar a alteridade? Agora, sim, após essa breve pausa para que nós próprios nos interroguemos, eis o passo: "Jesus está sentado a ensinar. A sua voz ensina, assinala, precisamente, porque imprime um sinal. Mas eis que Jesus se cala e, em silêncio, deixa espaço para que outras palavras se possam dizer e outras vozes se façam ouvir. Porém, as que chegam são de acusação e de julgamento. São ditas sobre uma mulher apanhada em flagrante adultério, exposta na impudica praça de todos os olhares. Num triste espectáculo público, circundam-na inúmeros dedos apontados num rebuliço insuportável. 'De um lado, o vociferar agressivo, do outro, o silêncio de Jesus. As vozes que se levantam trazem a ironia ('Mestre'), o veredicto já dado ('Moisés mandou-nos lapidar mulheres como esta') e a armadilha ('Tu, o que dizes?').' A esta provocação, 'Jesus responde em silêncio com o gesto de se curvar e de marcar a terra com o dedo' (70-71). Eis, então, que vinda do silêncio, sensível e reflexiva, a voz de Jesus re-nasce." (pp. 54-55)
sexta-feira, 10 de janeiro de 2014
Um novo ano
com dificuldades mas com determinação para as ultrapassar. Refiro-me, neste caso, à Sociedade de Geografia de Lisboa. Deixo-vos estas imagens do almoço que antecedeu a primeira reunião da Direcção em 2014, com o convite para visitarem a Sociedade, nomeadamente para visitarem a bela sala, uma das mais belas de Lisboa, onde está a exposição de Moita Macedo. Duas boas razões, portanto. É só até ao final do mês que a exposição está aberta ao público. Além disso, mesmo não sendo sócios, podereis almoçar nas nossas instalações. Não é "cuisine française" mas tem um arroz de pato e um bacalhau à Braz que vale a pena degustar. Bom ano!
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