segunda-feira, 15 de maio de 2017

Ainda o silêncio

Muito se falou e se disse a propósito do Silêncio e do seu significado a partir do filme de Scorcese. Deixo-vos aqui este breve apontamento sobre este tópico, colhido em Encounters with Silence, do teólogo jesuíta Karl Rahner: "Every time I try to pray, I am doomed to wander in the barren wastes of my own emptines, since I have left the world behind, and still cannot find my way into the true sanctuary of my inner self, the only place where You can be found and adored. (...) This awful quiet is the sole result of my futile efforts at prayer, since I deliberately shut out the noises of the world, and yet I an still hopelessly deaf to the eloquent sounds of Your silence."

Rua da Vergonha

é o nome do filme de Mizoguchi que acabo de ver no Nimas. Recordo que, nesta fase, até ao final de Maio, para além de Rua da Vergonha, poderemos ver A senhora Oyu e A imperatriz Yang Kwei-Fei. A propósito de Rua da Vergonha, volto a citar Bénard da Costa: "Neste filme em que não há uma cena de amor físico (apenas aquele reflexo de corpo nu naquele assombroso décor da casa de banho) tudo é erótico, porque é mortal. Ficamos-nos dele os corpos verticais das mulheres mais profundamente amadas - nunca houve 'cineasta de mulheres' como Mizoguchi - e a posição rasteira ou titubeaste dos homens mais mal tratados da história do cinema." Não percam!

quinta-feira, 4 de maio de 2017

Ciclo Mizoguchi no Nimas - A não perder

Sobre este filme escreveu João Bénard da Costa: “Pessoalmente, sustento que Os amantes crucificados é a obra-prima de Mizoguchi e um dos cinco ou seis maiores filmes da história do cinema, talvez até uma das cinco ou seis obras maiores da história da criação artística... Em metáforas ocidentais, Os amantes crucificados começa em comédias de engano e acaba em Tristão e Isolda. Passa pela luz de Vermeer, atinge a de Rembrandt (quem, senão ele, 'pintou' as sequências na cabana ao pé da casa do pai, os fenos e a luz dessa última aurora?) e termina numa das grandes Paixões renascentistas, quando nada mais se sublinha que o insublinhável.” De assinalar o catálogo que acompanha este ciclo, no qual pontua o olhar atento e culto de Bénard da Costa, como este breve passo tão bem identifica.

Uma reflexão fascinante sobre o exercício da crítica

Refiro-me a Uma aproximação à estranheza, de Frederico Pedreira, obra que recebu o prémio de ensaio Vasco Graça Moura, da Imprensa Nacional-Casa da Moeda. Com as devidas adaptações, talvez a este autor se possa aplicar aquilo que ele escreve a propósito de Mathew Arnold: "Arnold apresenta esta ideia como algo muito distante daquilo que é a crítica inglesa da sua época, uma crítica que assume propósitos e motivações exteriores aos objectos da sua atenção, com fins práticos delimitados por necessidades também elas práticas, não sendo assim fruto de uma vontade de se aproximar do melhor que é conhecido e pensado no mundo, 'independentemente de costumes, políticas e de tudo o que pertence a essas categorias.'" (p. 48)

A não perder

Paraíso, uma abordagem de profunda intensidade estética dos horrores do nazismo por parte do realizador russo Andrei Konchalóvskii. A não perder!

Caminhos

Precisamos de alimento para o caminho. Os nossos dias são abreviados com os ritmos rápidos e frenéticos em que vivemos. E só quando paramos, só quando nos detemos somos capazes de contemplar, com a largueza do nosso olhar, a beleza, a imensidão e a exigência que a nossa vida representa. Detém-te, hoje, neste olhar, e pede o único pão que te alimenta para o teu longo caminhar.