quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

"There is a crack in everything..."

São versos de Leonard Cohen que, nestes últimos dias, não me têm saído da cabeça: "There is a crack in everything/ That's how the light gets in." De facto, a imperfeição, a falha, o corte, a brecha, eis algo perante o qual habitualmente tomamos uma atitude defensiva; ou seja, algo que tentamos preencher, rasurar. E, todavia, pode ser por através desse algo que nos falha que outra coisa de mais relevante se insinua. Nos tempos que correm, muitos de nós pensam na desejada presença da luz no nosso quotidiano; um quotidiano, repleto de falhas, de brechas, diga-se. Tempo de espera e de meditação, em tempos que, sistematicamente, tentam elidi-la das nossas vidas. Refere, a propósito, Enzo Bianchi: "O mais difícil é encontrar o sentido numa sociedade que não cessa de nos desviar." Ora, talvez seja na superação dessas barreiras, e através daquelas falhas que, como escreve Cohen, a luz entra. E assim se compreende a inclusão de The Light of the World, de William Holman Hunt, neste espaço. Um santo Natal para vós.

1 comentário:

  1. Olá, professor. Há muito tempo que não falamos - sou eu que estou em falha - mas hoje não podia deixar de comentar o seu texto, num sentido diferente daquele que tem: para quem aprecia o fantástico, como eu, 'the crack', a brecha, é muito importante. É como a 'outra realidade' entra pelo nosso quotidiano e o anima com a sua luz peculiar.
    Muito bom Natal para si e para a sua família.

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