sexta-feira, 27 de julho de 2012
Há uns meses inseri neste espaço um breve tributo a um homem inteligente, civilizado, com coluna vertebral, a quem todos devemos algo, Vítor Alves. Nessa altura referi que privara com ele quando, algures no início dos 90, juntamente com Helena Cidade Moura, integrei esse núcleo inicial de três pessoas, das quais eles eram o núcleo e eu um mero aprendiz/observador.
Privei com Helena Cidade Moura durante alguns (breves) anos: entre 1989 e 1991, sensivelmente.
O MDP emancipara-se do Pc e eu regressei à casa que visitara no final da adolescência (1973/74).
Fui cabeça de lista à Assembleia Municipal de Sintra. Uma experiência sem resultado prático. Estou a ser injusto. Esqueço o convívio com muita gente que guardo na memória.
Por iniciativa da Helena, do Zé Manel Tengarrinha e do Orlando Almeida, creio, fui parar à comissão política. Não me recordo do ano...
O MDP era, então, constituído por um grupo peculiar de pessoas.
Eis uma história que o ilustra: quando se colocou a hipótese de elementos do MDP integrarem, como independentes, as listas para as legislativas e municipais do Ps, dirigido ainda por uma pessoa civilizada e recta, Jorge Sampaio, não houve quem estivesse disponível para ser deputado, pois todos nós gostávamos do que fazíamos e ninguém pensava deixar para trás a sua profissão. No meu caso, estava a escrever o doutoramento. Estou convicto de que procedi bem.
Só de pensar nos que se desunham hoje para ter um lugar em S. Bento...
A Helena era uma mulher inteligente, ponderada, lúcida e, pela minha parte, só lamento não ter correspondido ao que ela pensou que eu podia fazer no espaço político. Mas... c'est la vie.
Disse na altura várias vezes e repito-o: se ela tivesse menos dez anos, a política portuguesa teria tido um rumo diferente em finais dos anos 80. A inteligência, a ponderação e a lucidez dela teriam permitido outros caminhos. Talvez se tivesse evitado, ou atrasado, este desaguar no deserto actual de ideias e de... ética.
De jovens licenciados fora de horas e em sítios duvidosos... Um mal que vem de trás...
Soube, entretanto, que também o Silveira Ramos desaparecera...
Bolas para isto!
Como não encontrei uma foto da Helena daqueles tempos, optei por deixar aqui o símbolo dessa memória...
Desculpem o tom, mas estou irritado por só ter sabido da morte da Helena depois do funeral e de nem sequer ter ouvido falar da do Silveira Ramos.
Bom fim de semana!
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