quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Technology freaks


Amiúde ouvimos vozes defendendo o endeusamento da técnica, das novas tecnologias, nas quais uma modernidade (qu'est-ce que c'est ça?) se projecta.
São estas um absoluto?
Ao serviço de quê, de que causas, de que projectos, estarão?
Que discursos sob elas se insinuam?
Eis um tópico para reflexão, a partir deste excerto de Caritas in Veritate:

"Frequentemente, o desenvolvimento dos povos é considerado um problema de engenharia financeira, de abertura dos mercados, de redução das tarifas aduaneiras, de investimentos produtivos, de reformas institucionais; em suma, um problema apenas técnico. Todos estes âmbitos são muito importantes, mas não podemos deixar de interrogar-nos por que motivo, até agora, as opções de tipo técnico tenham resultado apenas de modo relativo. A razão há-de ser procurada mais profundamente. O desenvolvimento não será jamais garantido completamente por forças de certo modo automáticas e impessoais, sejam elas as do mercado ou as da política internacional. O desenvolvimento é impossível sem homens rectos, sem operadores económicos e homens políticos que sintam intensamente em suas consciências o apelo do homem comum. São necessárias tanto a preparação profissional como a coerência moral. Quando prevalece a absolutização da técnica, verifica-se uma confusão entre fins e meios: como único critério de acção, o empresário considerará o máximo lucro da produção; o político, a consolidação do poder; o cientista, o resultado das suas descobertas. Deste modo, sucede frequentemente que, sob a rede das relações económicas, financeiras ou políticas, persistem incompreensões, contrariedades e injustiças..." (Paulus Editora: Lisboa, 106)

E isto aplica-se a quem governa, a quem dirige, nas mais diferentes e irrelevantes, até, instâncias.
Ou, como dizia a minha avó: "Gente de boa índole, gente bem formada, quão necessária essa gente é!"
E eu, pensando quão urgente é um novo humanismo, reformulo: "Abaixo os tecnocratas e quem os apoiar!"

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