terça-feira, 17 de novembro de 2015
Evangelho segundo S. Lucas 19,1-10, o episódio de Zaqueu
Sobre ele escreveu Jean Tauler (c. 1300-1361), dominicano de Estrasburgo:
Lemos no evangelho que Zaqueu quis ver Nosso Senhor, mas era muito pequeno. Que fez ele? Subiu a uma figueira seca. Assim faz o homem: deseja ver Aquele que opera maravilhas e causa um tumulto nele; mas, como não tem estatura suficiente para isso, tem de subir a uma figueira seca. A figueira morta simboliza a morte dos sentidos e da natureza e a vida do homem interior, sobre a qual Deus é levado.
Que disse Nosso Senhor a Zaqueu? «Desce depressa.» Tens de descer, não podes reter uma única gota de consolação de todas as tuas impressões na oração, antes deves descer ao teu puro nada, à tua pobreza, à tua impotência. [...] Se te resta algum apego à natureza, é porque ainda não possuis a verdade, é porque ela ainda não se tornou um bem teu; natureza e graça trabalham ainda juntas, e não chegaste ao abandono perfeito [...]; esse estado ainda não é a pureza plena. É por isso que Deus convida esse homem a descer, quer dizer que o chama a uma renúncia plena, a um pleno desprendimento da natureza. «Hoje tenho de ficar em tua casa; hoje veio a salvação a esta casa.» Que este hoje nos aconteça para sempre!
Os jesuítas do site Pray as you go colocam, todavia, uma questão algo perturbante: sendo Zaqueu uma figura pouco popular - cobrador de impostos -, por que razão foi ele escolhido? Se estivéssemos entre a multidão, o que pensaríamos nós por ter sido escolhido aquele fulano e não eu, que até tenho uma profissão mais simpática; pelo menos não chateio os outros por causa dos impostos! Afinal, what stops me from seeing beyond the obvious?
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