segunda-feira, 25 de setembro de 2017

Herb Ritts

Exposição do artista americano no Centro Cultural de Cascais, a não perder. Um único defeito na organização, a ausência de um aparelho para medir a tensão arterial a pessoas de meia-idade após ser(mos) confrontado(s) com tantos corpos tão bonitos. Como anti-climax, aqui fica uma foto minha junto ao nosso colega William Burroughs, com o fantasma do Salvato Telles de Menezes a tirar a dita.

sexta-feira, 22 de setembro de 2017

Saiu mais um número da revista

Anglo-Saxonica, com uma secção dedicada a Rudiard Kipling, à qual se segue um conjunto de ensaios sobre outros tópicos, entre os quais um meu, dedicado à presença de Emerson da obra do pensador canadiano Charles Taylor. Eis o índice: ARE YOU AS ANGLO AS I AM INDIAN?, de Cristina Baptista; IMPERIALISMO E REPRESENTAÇÕES DO IMPÉRIO EM KIM, DE RUDYARD KIPLING, de Pedro Estácio; TRAVELLING BETWEEN JOURNALISM AND LITERATURE: KIPLING’S ART IN CROSSING FIXED TEXTUAL BORDERS, de Isabel Simões-Ferreira;ORWELL ON KIPLING: AN IMPERIALIST, A GENTLEMAN AND A GREAT ARTIST, de J. Carlos Viana Ferreira; A MAN OF HIS TIME: THE SCIENTIFIC AND POLITICAL GROUNDS FOR KIPLING’S IMPERIALISM, de Carla Larouco Gomes; COULD THEY HAVE BEEN “MASONIC FRIENDS”? RUDYARD KIPLING AND ANNIE BESANT, de Teresa de Ataíde Malafaia; BOARD(ING) SCHOOLS: RUDYARD KIPLING’S YOUNG HEROES, de Patrícia Rodrigues and Teresa-Cláudia Tavares. Seguem-se ESSAYS/ESTUDOS:EMERSON AMONG THE PATHS OF THE MODERN SELF: CHARLES TAYLOR AND THE CONCORD THINKER, de Mário Avelar; BETWEEN HARD COVERS AND THE “CLOUD”: IS A CANON TO BE FOUND?, de Cristina Baptista; NARRATIVE MEDICINE: WHAT DISCOURSE ADDS TO LISTENING, de Maria de Jesus Cabral, Marie-France Mamzer, Christian Hervé, Cecilia Beecher Martins and Rita Charon; e “THE MYTH IN WHICH THE GODS THEMSELVES WERE ALL DESTROYED”: READING A. S. BYATT’S RAGNARÖK: THE END OF THE GODS AND KLAS ÖSTERGREN’S THE HURRICANE PARTY, de Alexandra Cheira. Aqui fica a informação.

Recomendo vivamente

este livro de ensaios de Adam Phillips que acabo de ler, e que dá pelo nome de In Writing. Este é o olhar de um psicanalista que, dialogando com as diferentes tradições emergentes de Freud, medita sobre a singularidade do solo anglo-saxónico neste âmbito. É estimulante a revisitação que nos propõe de Emerson, de Lear e de Eliot, entre muitos outros. Confesso que não regressava há muito tempo à sensibilidade psicanalítica. Mas Phillips, com a sua irreverência teórica, pôs-me a reflectir sobre ambiguidades que, apesar de tudo, merecem ser revisitadas.

«Ele levantou-se e seguiu Jesus.». Evangelho segundo S. Mateus 9,9-13.

"Naquele tempo, Jesus ia a passar, quando viu um homem chamado Mateus, sentado no posto de cobrança dos impostos, e disse-lhe: «Segue-Me». Ele levantou-se e seguiu Jesus." Reflecte sobre este passo Bento XVI na Audiência geral de 30/08/06: «Levantou-se e seguiu Jesus». A concisão da frase põe claramente em evidência a prontidão com que Mateus respondeu à chamada. Para ele, tal significava tudo abandonar, sobretudo aquilo que lhe garantia uma fonte segura de rendimentos, embora fosse desonrosa e muitas vezes injusta. Mateus compreendeu que a intimidade com Jesus o impedia de manter uma actividade desaprovada por Deus. Facilmente se tira daqui uma lição para o presente: também hoje é inadmissível o apego a coisas incompatíveis com a caminhada de seguir Jesus, como é o caso das riquezas desonestas. Ele próprio o disse sem rodeios: «Se queres ser perfeito, vai, vende tudo o que possuis, dá-o aos pobres e terás um tesouro nos céus. Depois vem e segue-Me» (Mt,19,21). Foi o que fez Mateus: «Levantou-se e seguiu Jesus». Neste «levantou-se», conseguimos ler um nítido repúdio pela situação de pecado e simultaneamente a adesão consciente a uma existência nova, recta, em comunhão com Jesus. Recordemos que a tradição da Igreja atribui unanimemente a Mateus a paternidade do primeiro Evangelho. Já Papias, bispo de Hierápoles, na Frígia, o tinha dito, cerca do ano 130: «Mateus verteu as palavras [do Senhor] em língua hebraica, e cada um as interpretou como podia» (Eusébio de Cesareia, «Hist. Ecl.» III, 39, 16). O historiador Eusébio acrescenta esta informação: «Mateus, que primeiro pregara entre os judeus, quando a certa altura decidiu ir também evangelizar outros povos, escreveu na língua materna o Evangelho que anunciava; procurou deste modo recompensar aqueles de quem se separava, substituindo pela escrita o que perdiam com a sua partida» (III, 24, 6). Já não possuímos o Evangelho escrito por Mateus em hebraico ou aramaico, mas no Evangelho grego que chegou até nós continuamos a ouvir, de alguma maneira, a voz persuasora do publicano Mateus, que, tornado apóstolo, continua a anunciar-nos a misericórdia salvífica de Deus, e escutamos essa mensagem, nela meditando sempre de novo, para aprendermos, também nós, a levantarmo-nos e a seguir Jesus com determinação.

sexta-feira, 15 de setembro de 2017

O musical do Uncle Bob

O dramaturgo e encenador irlandês Conor McPherson foi, há algum tempo, contactado por alguém próximo de Bob Dylan, inquirindo-o se estaria interessado em conceber um musical a partir dos textos do poeta. A resposta foi imediata e positiva. Passaram algumas semanas, chegou a sua casa uma caixa com todos os cds de Dylan e uma nota: "Pode utilizar as músicas que quiser, como quiser." E foi assim que nasceu o musical Girl from the North Country, um duplo revisitar do passado - o colectivo (os anos da Depressão) e o individual (o cenário de juventude de Dylan - Duluth, lá bem no norte do Minnesota, num limite dos Grandes Lagos)-, sob o signo de Steinbeck e McCullers. Diz quem viu que a escolha dos textos resultou numa continuidade coerente, sem recurso à facilidade das melodias mais conhecidas, como Like a Roling Stone que, qual fantasma, desponta apenas. Está no Old Vic e, ao que parece, o uncle Bob ainda não terá passado por lá. But... who cares?

"Daqui, deste deserto em que persisto,"

recordo, de memória, este verso de António Ramos Rosa. Talvez a propósito, aqui ficam outras palavras, as de Santo Euquério (?-c. 450), bispo de Lyon, no seu "Elogio do deserto": Será necessário acrescentar que só chegaram à terra dos seus sonhos após a permanência no deserto? Para que o povo entrasse um dia na posse da terra onde corria leite e mel, teve primeiro de passar por locais áridos e não cultivados. É sempre através do acampamento no deserto que nos encaminhamos para a verdadeira pátria. Quem quer «vir a contemplar a bondade do Senhor na terra dos vivos» [Sl 27,13] deve habitar uma região inabitável. Quem quer tornar-se cidadão dos céus deve fazer-se hóspede do deserto.

quinta-feira, 14 de setembro de 2017

Está para breve

a publicação de mais um livro meu, desta feita sobre a relação entre poesia e artes visuais. Será editado pela Imprensa Nacional, e apresentado pelos Professores Isabel Pires de Lima e Vítor Serrão. Quando a data estiver acordada, aviso neste espaço. Para já, aqui fica a capa.