segunda-feira, 26 de novembro de 2018
Um romance sobre a guerra colonial
Não será, por certo, uma obra acaba de sair. No entanto, só agora, pela mão amiga do general António de Jesus Bispo, pude ler este romance de Luís Rosa, que dá pelo nome Memória dos dias sem fim (Presença). A crueza dos tempos de guerra quando o Homem se desvenda e se reconhece nas suas dimensões mais negras (afinal, já o Freud a isso dedicou o célebre Civilization and its Discontents), emerge ao longo destas páginas num escrita que nos impele para esse espaço de radical alteridade - para mim, pelo menos - que é o dos remotos espaços da Guiné. A intensidade é quase excessiva, não participasse ela da realidade da guerra, em capítulos como "Memória da Insensatez", quando assistimos à abertura de uma cova por parte do suspeito informador e à sua execução. Outros momentos há em que um decepcionante sentido de humor prevalece. E outros ainda em que figuras por nós conhecidas, como a do general Garcia Leandro, com o qual tive o privilégio de privar em contextos muito mais regulados - ainda que selvagens, também, como o pode ser um conselho geral de um universidade -, emerge sob o signo da heroicidade. Recomendo, portanto.
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