segunda-feira, 6 de fevereiro de 2017
A propósito da (des)estruturação, eis
os parágrafos iniciais de Fugindo de todos os fogos, de António Ferra; ou como pode haver elegância na enunciação da (aparente) banalidade: "Toda a documentação estava organizada por ordem alfabética em ficheiros. Eram gavetas metálicas enormes, com cavaleiros a indicar a respectiva letra. Se procurasse, por exemplo, inocência, ia à letra i onde,depois de incêndio e antes de inocuidade, encontrava incentivo para tudo registar numa tábua rasa que guardava num canto da sala de trabalho.// À medida que os assuntos invadiam aquele espaço de cem metros quadrados, eu tinha de arranjar lugar para as palavras que se acumulavam, dispersas pelos mais variados lugares. Esta catalogação era uma tarefa minuciosa, mas simpática, que me trazia realização pessoal, pois convivia directamente com definições e conceitos úteis para a minha vida.// Algumas entradas tinham apenas a palavra em causa, mas depois havia um vazio..."
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