segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

Livros recentemente (re)lidos, filmes recentemente (re)vistos

Regresso a este espaço com a referência a um filme que vi há umas semanas, Sono de Inverno. A obra, pasma de outro em Cannes, vem da Turquia (realizador - Nuri Bilge Ceylan). A narrativa decorre no cenário minimalista da Capadócia. A presidente do júri do festival, Jane Campion, disse ser este um filme devedor de Tchekhov. De facto, impressiona-nos o tempo - o kairós - e o modo como nele emergem as tensões, antes apenas pressentidas, entre as personagens - um núcleo, também ele, radicalmente minimal - marido, mulher, irmã dele -, o que não torna insignificantes as outras que em torno deles se movem. E ainda o tempo da filmagem, melhor, dos planos. Habituados que estamos à esquizofrenia da estética dominante, com planos de 2/3 segundos, aqui somos levados a fruir o espaço e assim partilhá-lo com as personagens e as suas tensões. Bom, e depois... depois - perdoai-me! - há Melisa Sözen, um dos mais belos rostos no cinema contemporâneo.

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