quinta-feira, 14 de agosto de 2014

Há alguns anos

vi um poster com esta frase no gabinete de um colega: "Senhor, dai-me paciência para lidar com alguns colegas, porque se me dais força, parto-lhes as trombas." A propósito deixo esta reflexão de São João Crisóstomo: "Considera pois quantas vantagens retiras duma ofensa acolhida com humildade e mansidão. Desse modo, em primeiro lugar — e é o mais importante —, mereces o perdão dos teus pecados. Seguidamente, exercitas a paciência e a coragem. Em terceiro lugar adquires a mansidão e a caridade, pois aquele que é incapaz de se zangar com os que lhe fizeram mal será ainda mais caridoso com os que o amam. Em quarto lugar, arrancas totalmente a cólera do teu coração, o que é um bem incomparável; evidentemente, aquele que liberta a sua alma da cólera também se desembaraça da tristeza: não desperdiçará a sua vida em tristezas e vãs inquietações. É que nós punimo-nos a nós próprios quando odiamos os outros; só fazemos bem a nós próprios quando os amamos. Além disso, todos te respeitarão, mesmo os teus inimigos, ainda que sejam os demónios. Melhor ainda, se assim te comportares, até deixarás de ter inimigos."

terça-feira, 5 de agosto de 2014

Moita Macedo em Elvas

Para quem passe por Elvas, ou pelos arredores, aqui fica o convite para que visite a exposição da obra plástica de Moita Macedo num diálogo com a sua produção poética. Antonio Franco, director do Museo Extremeño e Iberoamericano de Arte Contemporáneo, e curador da exposição, fez um trabalho a reter quer pela coerência da selecção das obras, quer pelo aproveitamento do espaço. Foi seu o convite para que eu escolhesse poemas do artista que, explícita ou implicitamente, dialogassem com a dimensão visual. Deixo-vos a capa do catálogo - onde encontrarão ainda um texto de Tomás Paredes, e também um texto meu sobre o tal diálogo, tendo o confessionalismo como eixo estruturante -, e ainda um exemplo do encontro entre a palavra e a imagem. No Museu de Arte Contemporânea podem ainda aproveitar para ver a exposição feita a partir da colecção de António Cachola, um caso a reter de critério estético.

sexta-feira, 1 de agosto de 2014

Toledo, vista por Maurice Barrès,

sob o olhar de El Greco: "Em plena luz, a imperial Toledo concentra-se nesta dura montanha com saliências que ela desposa e das quais só o cimo cobre. Os restos dos seus palácios correm largamente para o Tejo, e lá no alto abandonam-lhe uma soberba posição de orgulhosa caída em desgraça. Como transmitir os grandes movimentos monocromáticos desta terra violácea e ocre? Ter-se-iam de assinalar a sua cor e as suas curvas, e depois tornar de igual modo sensíveis as partes com muito alimento, pesadas, onde nenhum edifício é notável mas todos têm, de facto, a nobreza dos grandes espaços repeltos de arquitectura. O enorme rochedo que suporta uma cidade tão gloriosa tem proporções magníficas para servir de engaste a um tal diamante; e por tanto vermos as suas pendentes largas e decididas, as suas negras asperezas que o rio banha, sentimos uma sensação de plenitude."